A segurança externa de Portugal vai muito além das fronteiras clássicas do nosso país. Ela já não se esgota na fronteira com Espanha, nem no triângulo estratégico constituído por Portugal Continental e Ilhas. A pertença de Portugal a Organizações Internacionais como a Organização das Nações Unidas, a Organização do Tratado Atlântico Norte e a União Europeia; a existência de uma expressiva e dispersa diáspora; a valorização da língua e cultura portuguesas; a projeção de interesses económicos nacionais bem como a redução de vulnerabilidades e dependências, a que acrescem as novas soberanias decorrentes da extensão da Plataforma Continental, são fatores determinantes para o que hoje se designa como a multiplicidade de fronteiras de um Estado.

A existência de Estados frágeis, nos quais a autoridade do Estado se torna difusa e insuficiente à salvaguarda dos direitos fundamentais e da integridade das suas fronteiras, configura um desafio securitário para todos. Esta realidade gera instabilidade social, económica e política, com repercussão além das áreas geográficas onde ocorre, traduzida em vagas migratórias e de refugiados, e no seu potencial aproveitamento por parte de organizações criminosas transnacionais e/ou de organizações terroristas.

No âmbito de uma noção alargada de Segurança, o SIED assume a missão de antecipar factos suscetíveis de provocarem alterações ao status quo político e securitário em Estados ou regiões inseridos em eixos de interesse estratégico para a política externa portuguesa.

Paralelamente, a emissão de alertas antecipados (early warning) tem possibilitado ao Estado Português, diretamente ou através das organizações internacionais que integra, o recurso a instrumentos de soft power que, por meio da diplomacia preventiva, visam conter, ou mesmo evitar, a eclosão de conflitos. De igual modo, tem possibilitado um avanço temporal na preparação de medidas tendentes à proteção de cidadãos portugueses no exterior e à salvaguarda de interesses nacionais.

Tendo presente a atuação crescente de Portugal enquanto coprodutor de Segurança Internacional ao serviço de Organizações internacionais de que é membro, importa ainda garantir a segurança das nossas Forças Armadas e/ou Forças e Serviços de Segurança nos distintos teatros operacionais onde se encontram destacadas.

A antecipação, pelo SIED, de oportunidades em distintos contextos externos visa contribuir para a prosperidade nacional, para o reforço da capacidade negocial do país e para a sua afirmação internacional.